terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Je suis chrétien

Liberdade de expressão, insulto, terrorismo, Je suis o quê? É gente, só é o que se ouve, lê e vê nesses últimos dias. Todo mundo que me conhece sabe que eu sou ~opiniosa~ Não consigo ver essas coisas e ficar normal, sem querer entender, sem refletir sobre tudo isso, por quê? Por que esses desastres acontecem? Eu sei, todo mundo morre, eu sei, todo dia pessoas são assassinadas no Brasil e no Mundo, eu sei, eu sei, eu sei. Mas o que me chama atenção é o assassinato de 12 pessoas ser tão comentado e discutido.

Quando vi na TV a noticia sobre o ataque ao jornal na França, minha primeira reação foi de perplexidade, esses terroristas são uns loucos (pensei), já não basta matar o povo no país deles não? Aí começaram as postagens das capas do Charlie. Em muitas delas Maomé até desenhado de uma forma ~normal~  e em nossa cabeça cristã-ocidental não achamos nada demais, uma besteira matar um jornalista por fazer um desenho tão simples. Aí comecei a ver as charges que eles fizeram sobre o cristianismo, Jesus, Deus... vou confessar, deu nojo. Aí minhas ideias começaram a ficar confusas e enquanto eu fazia a faxina na casa, meus pensamentos sobre esse assunto não paravam. Percebi que o sentimento que eu tive ao ver um desenho de Jesus sendo totalmente desrespeitado, talvez fosse o mesmo ou pior que os mulçumanos tiveram ao ver a simples representação de Maomé (o que na religião deles é uma ofensa sem tamanho)

Por que esses jornalistas são tão insensíveis? Por que eles não se preocupam com os sentimentos dos outros? Então me lembrei de outra coisa que aprendi para compreender por que as pessoas são como elas são. Entenda a cultura, as motivações, as convicções das pessoas e todas serão simplesmente previsíveis. Claro que isso não é fácil, mas de uma maneira geral (como é o caso) dá pra ter uma ideia.

O que pensam os Franceses? Que a Liberdade é o maior bem que se possa alcançar (pelo visto até mais que a igualdade e fraternidade). Então eles podem tudo: podem falar o que quiserem, escrever o que quiserem, desenhar o que quiserem e tão nem ai pra ninguém. Ótimo, se na França só existissem franceses. O que pensam os mulçumanos? Que eles podem, pela força, impor seu pensamento, sua fé e se alguém achar ruim é só dar um tiro na cabeça ou cortar o pescoço do indivíduo. Ótimo, se eles fizessem isso só na terra deles (o que fazem e muito, mas ninguém divulga) e não estivessem espalhados por todo o mundo.

O problema é que não existem mais fronteiras depois da internet e todo mundo se acha dono do pedaço onde pisa. O Charlie já invadiu o território dos mulçumanos (pelo menos ciberneticamente) e os mulçumanos radicais já estão entre nós, em toda a parte do mundo. E agora cada um que ache que tem que fazer o que lhe é de direito, não importa mais onde estiver.

Li dois artigos muito interessantes que me fizeram pensar mais profundamente sobre tudo isso. Um na Veja (http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/o-papa-boxeador-e-as-liberdades-gemeas) onde se fazia um comentário sobre as declarações do Papa Francisco a respeito dos atentados, ele disse que na liberdade de expressão deve haver limites (ora, assim não seria liberdade né?), pois caso não houvesse as consequências não seriam lá muito agradáveis. Acredito que ele quis dizer que deve haver bom senso. Mas o autor do texto escreveu uma coisa que me tocou profundamente: Em uma sociedade livre você tanto pode insultar uma religião como pode escolher qualquer uma para seguir. Nos países onde não há liberdade de expressão, também não há liberdade de escolha de religião (em miúdos). Ou seja, na maioria dos países ocidentais, eu falo o que eu quero e escolho a religião que eu quero. Nos países onde há ditadura, censura, eu só posso ter a religião que o governo me obriga e não posso falar nada que vá de encontro a isso. É triste, é duro, mas é a verdade.

A outra foi no site http://portuguese.ruvr.ru/news/2015_01_18/Em-sociedade-livre-se-pode-insultar-religi-o-diz-Cameron-9087/ onde o primeiro Ministro Britânico disse a seguinte frase: "Eu sou cristão. Se alguém disser algo insultante sobre Jesus, vou considerar isso ofensivo, mas em uma sociedade livre eu não tenho o direito de me vingar por isso" e na minha humilde opinião de cristã-ocidental ele está corretíssimo.

Aí esta o X da questão, eu sou cristã, e o que os cristãos pensam?(ou pelo menos deveriam pensar, mas isso não vem ao caso) Eu devo amar meu inimigo, quero que ele vá para o céu comigo, falaram mal do que eu creio? a vingança pertence a Deus, e se alguém quiser me obrigar a negar a minha fé, estarei disposto a morrer por ela. Mas o mundo inteiro não é cristão-ocidental!

Só um parêntese: Por que muitos ficaram indignados com o brasileiro traficante que foi executado na Indonésia? A presidente Dilma pediu clemência e o Presidente Indonésio simplesmente disse sinto muito, são as leis do meu país. SÃO AS LEIS. Não podíamos interferir na soberania daquele país. Mas e os mulçumanos radicais podem interferir na soberania dos outros países?

Agora vamos complicar um pouquinho mais: como esses três tipos de pessoas (claro que existem milhões de tipos, mas vamos nos ater a esses três) vão conviver pacificamente no mundo? Quando um jornalista vai negar o direito que ele tem, na lei do país dele, de falar o que quiser? Quando um mulçumano extremista vai negar o direito que ele tem, nas leis da religião dele, de matar quem blasfemar contra o profeta? E sinceramente vejo os cristãos (inclusive eu) meio perdidos em meio a todo esse tumulto.

Teremos guerra, certamente. Sem dúvida o extremismo islâmico é o novo fascismo, com um agravante, eles justificam suas ações em nome do deus deles. Não é uma ideologia política, é uma ideologia de crença, de fé. A mídia não noticia, mas já essa semana muitos cristãos foram massacrados por mulçumanos radicais na África e no Oriente Médio. Meu feed do facebook está cheio de vídeos, fotos e reportagens sobre isso, coisas que eu mal tenho estômago para ver e menos ainda compartilhar. Para eles, todos que não acreditam em Alá, devem ser exterminados. São as leis do país deles por pior, triste e sem lógica que possam parecer. O problema está em querer impor isso ao mundo goela a baixo, acho que por isso esse caso foi tão noticiado. Os radicais mulçumanos matam milhares de pessoas todos os anos e ninguém fala nada (muitos cristãos inclusive), quem sabe agora o mundo não abre os olhos para isso?


Difícil concluir algo disso tudo, eu sinceramente não sei o que pensar


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Analfabetismo Político

Eu sempre me considerei uma analfabeta política, nunca entendi o que era esquerda, direita, oposição, situação... Saber das siglas dos partidos então nem se fala: P-A, P-B, P-C, P-D P-o alfabeto todinho... haja partido! Até tentei algumas vezes assistir o horário eleitoral (forçada por mim mesma para tentar entender um pouco de política),mas vou confessar, nunca consegui entender o que os políticos falavam.

Para mim Eleições era algo como um campeonato, times disputando para ver quem ia ganhar um prêmio, um troféu. Sempre votei, por que o voto era obrigatório, mas sem muita consciência do que aquilo representava (é triste, mas é a verdade). Tudo começou a mudar quatro anos atrás quando assisti uma entrevista de Marina Silva, pela primeira vez na vida um político falou algo que eu compreendi! Enquanto todos os entrevistadores sempre forçam esse assunto de saber se algum candidato é a favor ou contra o governo, direita, esquerda, capitalista, socialista, comunista e tantos istas, Marina se posicionava de um lado que eu achava que não existia, o lado da população.

“Ah Hellen, mas você é muito utópica, é só mais uma balela de político! Você acha que os políticos estão preocupados com o povo?”, bem para mim isso não é utópico, é lógico. Como eu nunca pensei nisso antes? Como eu nunca pensei que a população merecia mais que dentaduras e sacos de cimento? (quero só informar que nunca recebi nada de nenhum político). Sempre tive a impressão de que os beneficiados de uma eleição eram os políticos e que isso era o normal.

Há uns meses atrás, sabendo que Marina não se canditaria a presidente, fui pesquisar a quem ela se aliou, Eduardo Campos. Mas me limitei a ouvir opiniões de pernambucanos, a única entrevista que eu vi dele foi no Samuka, então o fenômeno aconteceu novamente: eu entendi o que ele falou, terá sido coincidência? Lembro que ele falou sobre drogas. Então fiquei tranquila, já sabia em quem ia votar, então aconteceu essa tragédia.

Pesquisas indicam que Marina (se escolhida como candidata) possivelmente vai para o segundo turno. Para mim, isso não interessa, votei nela na eleição passada, vou votar novamente pelo mesmo motivo, eu entendi e acreditei no que ela falou (e fala). Também estou bem consciente de que não importa quem ganhe, não colheremos frutos de uma mudança em 2015, talvez nem em 2025, mas precisamos plantar algo novo. O tempo vai passar do mesmo jeito. Estou me preocupando com os meus filhos e netos.

E se daqui a quatro anos o Brasil estiver do mesmo jeito, ou pior quem sabe? Terei consciência de que tentei fazer algo novo, fiz a minha parte. Já disse aqui antes que amo o meu país, mesmo subdesenvolvido e mal administrado (pelo menos por enquanto, espero), a frase dita por Eduardo Campos é exatamente o que eu penso: “Não vamos desistir do Brasil, é aqui onde vamos criar nosso filhos”.

De uma ignorante politica em processo de alfabetização


*Texto publicado em meu perfil pessoal no Facebook em 19/08/2014

Sobre a brevidade da vida

Eu não gosto de ver vídeos, sou a última pessoa a ver um vídeo que todo mundo compartilha (e só depois de ver quem compartilhou e os comentários sobre o vídeo), mas semana passada eu vi um vídeo que me chocou. 
Em Belo Horizonte, no momento em que um viaduto caiu, muitas pessoas que estavam ali filmaram o ocorrido. Marcaram-me em um desses vídeos e não sei por que assisti de cara. Uma cena muito triste, uma verdadeira tragédia. O que mais me chocou foi ver a motorista do ônibus ainda com vida. Chorei. Uma coisa é ver uma ponte caída, outra é ver uma pessoa em baixo dela. Aquela imagem ficou na minha cabeça (acho que por isso não gosto muito de ver vídeos, fico impressionada com facilidade).
Não fui atrás das notícias sobre esse acidente, nem em saber quantas pessoas morreram ou ficaram feridas, sou muito fraca para essas coisas. Meus sentimentos aos familiares que perderam entes queridos, que Deus conforte o coração de vocês.
No fim de semana fiz uma pequena viagem com a igreja que faço parte e no caminho ia pensando naquela situação e Deus falou profundamente comigo.  Lembrei-me de várias passagens do livro de Eclesiastes, onde Salomão fala da brevidade da vida e sobre coisas que não podemos controlar.
“Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.
que também o homem não sabe o seu tempo; assim como os peixes que se pescam com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando cai de repente sobre eles.
Eclesiastes 9:11-12
“Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito, para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte.” Eclesiastes 8:8
“Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.” Eclesiastes 9:2
“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.”Eclesiastes 9:10
Fiquei pensando naquelas pessoas que saíram para trabalhar naquele dia, fiquei pensando em todos os dias em que saio para trabalhar. Fiquei pensando em como fazemos planos, como nos sentimos potentes, fortes e às vezes até “imortais”. Não acho que seja ruim fazer planos, pelo contrário, isso é o que nos move, mas quando perdemos a noção da nossa real condição, nos tornamos tolos.
Fez-me lembrar dum fato que li sobre Steve Jobs. Quando descobriu que estava com câncer e que provavelmente teria pouco tempo de vida, ele decidiu fazer um barco que demoraria anos para ficar pronto (provavelmente depois que ele morresse). O que eu achei mais interessante na história toda é que ele disse que ficaria muito triste se vivesse mais do que o esperado e não tivesse começado a construir o barco.  Enfim, ele morreu e não viu o barco ficar pronto, mas esse projeto o incentivou a ficar vivo. Achei admirável ele aceitar a sua condição e mesmo assim não se entregar a morte.
Quantas coisas nós sonhamos realizar? Uma casa melhor, um carro, quitar uma dívida, entrar na faculdade, casar, ter filhos... todos temos sonhos e repito: não é errado sonhar. Mas para certas coisas existe um tempo a esperar, um preço a pagar. E pode ser que nunca alcancemos certos sonhos (não é o que eu espero, mas é a verdade)
O que mais me incomodou em refletir sobre tudo isso foi lembrar que existem coisas que não precisam esperar. Existem coisas que podemos fazer hoje, agora, já e ... não fazemos. Acredito que essas coisas simples são as que mais trazem arrependimento. Perdoar, dizer que ama, que quer bem, fazer uma visita ou uma ligação, brincar com seus filhos e netos, ir à praia ou à praça, e por fim o mais importante (para mim) pensar na sua eternidade. Talvez muitos leitores aqui não sejam cristãos, não creiam na Bíblia, tudo bem, respeito. Eu acredito na Bíblia e segundo ela só há uma maneira de ser salvo e ir para o céu: aceitar a JESUS como Salvador. Só temos essa vida para decidir isso, e não sabemos quanto tempo ela vai durar.
Minha conclusão disso tudo? Não espere ~tempo~ para fazer coisas que você pode fazer agora, não se desespere por ainda não ter alcançado seus objetivos, mas não deixe de tê-los. Saiba que somos como uma erva que hoje está viva e amanhã não mais, não temos poder sobre o dia da nossa morte, o que podemos fazer devemos fazer enquanto estamos vivos pois não sabemos se o dia de amanhã será bom ou mau.




 *Texto publicado no meu outro blog Cristã e Chic em 07/07/14

domingo, 8 de junho de 2014

Copa do Mundo

Era 1994, lembro bem desse ano. Eu tinha começado a 5ª série (hoje seria o 6º ano). Foi o ano que Ayrton Senna morreu. Lembro muito bem de assistir todos os domingos às corridas de F1 e estávamos assistindo aquela no dia 1º de Maio. Morávamos em São Paulo e quando tinha corrida em Interlagos dava pra ouvir o barulho dos carros, isso marcou minha infância.
Também houve um acidente na minha família, meu tio levou um tiro, como esquecer aquele ano? Era também ano de Copa e é por isso que estou escrevendo. Já faz 20 anos e até um dia desses (alguns anos na verdade) eu sabia a escalação daquela seleção, contra quem o Brasil tinha jogado, o placar e quem tinha feito os gols. Aquela Copa também marcou a minha infância. Parece que depois dela, nenhuma mexeu tanto comigo. Nenhuma teve aquele brilho, aquela expectativa, aquele sentimento de achar que os jogadores eram heróis. Ser Tetra Campeão naquela época parecia que de alguma forma amenizava muitos problemas.
Antes de qualquer coisa quero dizer que sou a favor do esporte, apesar de sempre ter sido perna de pau para tudo, é inegável os benefícios que a pratica de qualquer esporte traz para o individuo. Tanto torcer por um time como praticar qualquer esporte traz um sentimento de euforia, de felicidade, de alegria. Bem, quem torce por algum time ou pratica algum esporte sabe do que eu tô falando.
 Mas muito bem, eu achei uma Copa que mexeu mais comigo do que a de 1994, e olha que essa ainda nem começou. Já ouvi e li taaanta coisa. “Vai ter copa!”; “Não vai ter copa!”; “Na Copa vai ter luta” ; “Era para ter protestado antes de decidir fazer a copa no Brasil” ; “Proteste nas urnas” ; “Essa Copa vai ser o maior roubo da história do pais” ; “O Brasil já perdeu, mas a seleção vai ganhar”, enfim, esse é o assunto da vez.
Confesso que fico um pouco confusa sobre o que pensar sobre várias coisas, mas um pensamento eu já tenho definido: Essa Copa foi o maior tiro no pé que já se viu! Láááááá longe quando foi decidido que a copa seria no Brasil acho que ninguém teve a dimensão do que isso iria se tornar. Talvez alguns (como eu) devem ter pensado: É, quem sabe pinga alguma coisa pro Brasil e uma rua ou outra é asfaltada, um hospital é reformado, um aeroporto é melhorado, o comércio vende mais, os restaurantes e hotéis enchem, etc.  Doce ilusão. O que temos visto é um clima de insatisfação geral. Basta conversar com quem mora em cidades-sede, além de obras inacabadas o clima ruim que tudo isso gerou queimou muito a imagem da Copa no Brasil. Se eu for falar de tudo o que temos visto, ouvido e lido sobre a copa daria um livro, e dos grandes! Desde o nome do mascote até o gasto exorbitante com os estádios (gente eu não acreditei que o nome era Fuleco, achava que era brincadeira do canal Porta dos Fundos, faz duas semanas que eu vi que esse nome era de verdade).
Pra falar a verdade, se eu fosse turista não viria para o Brasil na Copa. Eu ou você, pessoas insatisfeitas com a situação do nosso país, talvez manifeste sua insatisfação com tudo isso escrevendo um texto, compartilhando uma imagem de no facebook, comentando no trabalho ou em casa, fazendo uma caminhada pacífica, votando diferente(isso é o mais importante,  mas eu sei (e você também) que existem pessoas que só  isso não basta e vão sim quebrar, brigar e fazer confusão, é fato. Não tiro a razão de quem se exalta dessa maneira (motivos temos sim), mas cada um tem a sua cabeça e eu só tomo conta da minha, então como “Seguro morreu de velho” eu evitaria ambientes de risco (infelizmente leia: locais próximos aos jogos). Vocês podem dizer que eu sou pobre, feia e recalcada e não tenho dinheiro para ir ao estádio assistir um jogo da Copa do Mundo e vou falar, vocês estão certos, exceto sobre feiura (perguntem pro meu marido quem é a mulher mais linda do mundo!). Sinceramente não sei se a segurança desses estádios está 100% (se as obras que todo mundo vê e comenta não ficaram prontas imagina uma coisa que só vai dar pra ver na hora!). Não sou terrorista virtual, quero que tudo dê certo durante a competição, por que independente se qualquer coisa, vai ter copa sim, mas tenho dois filhos pra criar e muita conta pra pagar.
2014... é esse ano vai ficar para a história da minha vida também. O ano em que eu vi aumento de salário bolsa para quem não trabalha, pseudo-cidadãos saqueando lojas achando que estavam ganhando brinde (pseudo por que na minha cabeça não entra que um cidadão que acorde às 6 da manhã para trabalhar, enfrente um ônibus lotado por mais de 1 hora, leve marmita para almoçar, volte do trabalho no mesmo sufoco, saqueie uma loja por que não tem policial para prendê-lo); Lojistas com a mão na cabeça ao ver o seu estoque simplesmente sumir (ou vocês acham que os donos de loja não tem salário, aluguel, agua, luz, segurança, fornecedor para pagar mesmo tendo sido saqueados?);  cidadãos se espremendo em estações de trem para voltar para casa por que empresas de ônibus estavam em greve; Mulheres (sim, mulhereS no plural) tento seus filhos em portas de hospitais ou nos corredores sem nenhum apoio, orientação.
Vai ter Copa? vai sim. Mas hoje eu sei que pouco minha vida vai mudar se a seleção ganhar ou perder. Claro que quero que ela vença! Mas a minha ideia de criança de que o Brasil vai ser melhor por que jogadores brasileiros vão levantar uma taça já se foi há muito tempo. O Brasil vai ser melhor quando as pessoas pararem de trabalhar para pagar educação, saúde e segurança básica (Pelo menos meu salário vai todo para isso), isso é dever do estado.
Para terminar quero dizer que amo o Brasil, apesar de tudo. Esses dias de tanto ver pessoas falando tão mal do nosso país me veio uma comparação na mente. Eu tenho minha família e nela claro tenho problemas, mas nada me fará desistir dela. Amo meu marido, meus filhos, meus pais, minhas irmãs apesar de todos os problemas que temos juntos. Da mesma forma amo meu país, apesar de subdesenvolvido e mal administrado. Não escolhi nascer aqui, nem escolhi a minha família, mas aprendi a amar os dois.
 Desabafo de uma brasileira

*Texto publicado em meu perfil pessoal do facebook uns dias antes da Copa 2014 começar