Liberdade de
expressão, insulto, terrorismo, Je
suis o quê? É gente, só é o
que se ouve, lê e vê nesses últimos dias. Todo mundo que me conhece sabe que eu
sou ~opiniosa~ Não consigo ver essas coisas e ficar normal, sem querer
entender, sem refletir sobre tudo isso, por quê? Por que esses desastres
acontecem? Eu sei, todo mundo morre, eu sei, todo dia pessoas são assassinadas
no Brasil e no Mundo, eu sei, eu sei, eu sei. Mas o que me chama atenção é o
assassinato de 12 pessoas ser tão comentado e discutido.
Quando vi na TV a
noticia sobre o ataque ao jornal na França, minha primeira reação foi de
perplexidade, esses terroristas são uns loucos (pensei), já não basta matar o
povo no país deles não? Aí começaram as postagens das capas do Charlie. Em muitas delas Maomé
até desenhado de uma forma ~normal~ e em nossa cabeça cristã-ocidental
não achamos nada demais, uma besteira matar um jornalista por fazer um desenho
tão simples. Aí comecei a ver as charges que eles fizeram sobre o cristianismo,
Jesus, Deus... vou confessar, deu nojo. Aí minhas ideias começaram a ficar
confusas e enquanto eu fazia a faxina na casa, meus pensamentos sobre esse
assunto não paravam. Percebi que o sentimento que eu tive ao ver um desenho de
Jesus sendo totalmente desrespeitado, talvez fosse o mesmo ou pior que os
mulçumanos tiveram ao ver a simples representação de Maomé (o que na religião
deles é uma ofensa sem tamanho)
Por que esses
jornalistas são tão insensíveis? Por que eles não se preocupam com os
sentimentos dos outros? Então me lembrei de outra coisa que aprendi para
compreender por que as pessoas são como elas são. Entenda a cultura, as
motivações, as convicções das pessoas e todas serão simplesmente previsíveis.
Claro que isso não é fácil, mas de uma maneira geral (como é o caso) dá pra ter
uma ideia.
O que pensam os
Franceses? Que a Liberdade é o maior bem que se possa alcançar (pelo visto até
mais que a igualdade e fraternidade). Então eles podem tudo: podem falar o que
quiserem, escrever o que quiserem, desenhar o que quiserem e tão nem ai pra
ninguém. Ótimo, se na França só existissem franceses. O que pensam os
mulçumanos? Que eles podem, pela força, impor seu pensamento, sua fé e se
alguém achar ruim é só dar um tiro na cabeça ou cortar o pescoço do indivíduo.
Ótimo, se eles fizessem isso só na terra deles (o que fazem e muito, mas
ninguém divulga) e não estivessem espalhados por todo o mundo.
O problema é que não
existem mais fronteiras depois da internet e todo mundo se acha dono do pedaço
onde pisa. O Charlie já invadiu o território dos mulçumanos
(pelo menos ciberneticamente) e os mulçumanos radicais já estão entre nós, em
toda a parte do mundo. E agora cada um que ache que tem que fazer o que lhe é
de direito, não importa mais onde estiver.
Li dois artigos muito
interessantes que me fizeram pensar mais profundamente sobre tudo isso. Um na
Veja (http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/o-papa-boxeador-e-as-liberdades-gemeas)
onde se fazia um comentário sobre as declarações do Papa Francisco a respeito
dos atentados, ele disse que na liberdade de expressão deve haver limites (ora,
assim não seria liberdade né?), pois caso não houvesse as consequências não
seriam lá muito agradáveis. Acredito que ele quis dizer que deve haver bom
senso. Mas o autor do texto escreveu uma coisa que me tocou profundamente: Em uma sociedade livre você tanto pode
insultar uma religião como pode escolher qualquer uma para seguir. Nos países
onde não há liberdade de expressão, também não há liberdade de escolha de
religião (em miúdos). Ou seja, na maioria dos países ocidentais, eu falo o que
eu quero e escolho a religião que eu quero. Nos países onde há ditadura,
censura, eu só posso ter a religião que o governo me obriga e não posso falar
nada que vá de encontro a isso. É triste, é duro, mas é a verdade.
A outra foi no site http://portuguese.ruvr.ru/news/2015_01_18/Em-sociedade-livre-se-pode-insultar-religi-o-diz-Cameron-9087/ onde o primeiro Ministro Britânico
disse a seguinte frase: "Eu
sou cristão. Se alguém disser algo insultante sobre Jesus, vou considerar isso
ofensivo, mas em uma sociedade livre eu não tenho o direito de me vingar por
isso" e na minha humilde opinião de cristã-ocidental ele está corretíssimo.
Aí esta o X da questão, eu sou cristã,
e o que os cristãos pensam?(ou pelo menos deveriam pensar, mas isso não vem ao
caso) Eu devo amar meu inimigo, quero que ele vá para o céu comigo, falaram mal
do que eu creio? a vingança pertence a Deus, e se alguém quiser me obrigar a
negar a minha fé, estarei disposto a morrer por ela. Mas o mundo inteiro não é
cristão-ocidental!
Só um parêntese: Por que muitos
ficaram indignados com o brasileiro traficante que foi executado na Indonésia?
A presidente Dilma pediu clemência e o Presidente Indonésio simplesmente disse
sinto muito, são as leis do meu país. SÃO AS LEIS. Não podíamos interferir na
soberania daquele país. Mas e os mulçumanos radicais podem interferir na
soberania dos outros países?
Agora vamos complicar um pouquinho
mais: como esses três tipos de pessoas (claro que existem milhões de tipos, mas
vamos nos ater a esses três) vão conviver pacificamente no mundo? Quando um
jornalista vai negar o direito que ele tem, na lei do país dele, de falar o que
quiser? Quando um mulçumano extremista vai negar o direito que ele tem, nas
leis da religião dele, de matar quem blasfemar contra o profeta? E sinceramente
vejo os cristãos (inclusive eu) meio perdidos em meio a todo esse tumulto.
Teremos guerra, certamente. Sem dúvida
o extremismo islâmico é o novo fascismo, com um agravante, eles justificam suas
ações em nome do deus deles. Não é uma ideologia política, é uma ideologia de
crença, de fé. A mídia não noticia, mas já essa semana muitos cristãos foram massacrados
por mulçumanos radicais na África e no Oriente Médio. Meu feed do facebook está
cheio de vídeos, fotos e reportagens sobre isso, coisas que eu mal tenho
estômago para ver e menos ainda compartilhar. Para eles, todos que não
acreditam em Alá, devem ser exterminados. São as leis do país deles por pior,
triste e sem lógica que possam parecer. O problema está em querer impor isso ao
mundo goela a baixo, acho que por isso esse caso foi tão noticiado. Os radicais
mulçumanos matam milhares de pessoas todos os anos e ninguém fala nada (muitos
cristãos inclusive), quem sabe agora o mundo não abre os olhos para isso?
Difícil concluir algo
disso tudo, eu sinceramente não sei o que pensar